Camisa-de-força

Não desperta teu espanto
na tarde imóvel de teu apelo
nem cala tua sombra
no móvel exato de teu silêncio.
Não fala de teu passado
Helder Macedo
a planta mais clara de teu passo
a ausência mais nítida da tua cara
a cara mais justa de tua sina.
Não desperta
não desperta teu espaço
esse invólucro do nada
onde residem os insetos
na terra de teu jardim.
Ao acaso rigoroso do que és
dás teu sangue pulsando como afronta.
No entanto
não desperta da tua manhã
dessa palavra
do teu espelho
não desperta nem aguarda
as manchas da tua noite
esse navio ausente que deixa o porto
como se nada fosse além da sombra.

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